Eu de repente senti um asco(...)
Estranho, eu, como poderia?!?
Sempre estive nesse casco
Dessa infinita cardioletargia(...)
E eu que sempre sobrevivi
Entre as páginas dos livros(...)
Hoje queria mais um bisturi
Que arrancasse esses risos!
Eu não vejo nenhuma graça
Nesse todo que você insiste
Em chamar, clamar, de amor!
Eu só vejo, de todo, desgraça
E uma alma, num limbo triste
Que só sabe conjugar a dor!
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
A boticária e o escritor
Ela, uma boticária, ele um escritor. Ela guardava em sua caderneta, suja de reagentes coloridos, elixires e alcoolatos que curavam moléstias, sanavam dores e prolongavam a vida. Ele escrevia contos. Sua máquina datilográfica entoava um ritmo que ainda a encantava. Ela muito se inspirava nele, e sentia um profundo amor. Ele, perdia-se em seus contos. Era um homem de histórias.
A botica ficava a muitos quarteirões daquele lar, e ela ia, todos os dias, em um cavalo forte e rápido. Cansava-se sempre, era magra e pouco se alimentava. Preferia usar seus tempo para preparar novas fórmulas. Passava quase o dia inteiro entre os potes de porcelana dourada e âmbar. Ele, em casa, sempre em frente à fatídica máquina de datilografar. Às vezes, um dia inteiro, e a folha permanecia em branco, ao contrário da caderneta dela, sempre com muitas anotações.
Chegava sempre ao anoitecer. Sempre suspirava antes de chegar em casa. Seu profundo amor sempre fazia-lhe questionar coisas. Cuidava daquele homem com tanto zelo, com tanto amor, e tinha nítida impressão que aquela máquina sempre fora mais importante que ela. Chegava em casa sempre faminta de conversa e de comida, mas ele, como todo escritor, sempre quieto. Ela, como cuidadora, mantinha seu zelo.
Com o tempo, suas indas e vindas à botica, começaram a cansar aquela cuidadora. Chegava o momento da inanição. Sua alma chegou a encolher, seu corpo curvou-se quando montada no cavalo. Mas muitas pessoas dependiam de seus cuidados. Um dia, em seu laboratório, ao preparar um unguento para curar uma ferida, deixou cair uma lágrima. Então rotulou-o de tristeza, levou para casa, e todas as noites, antes de dormir, começou a passar em seu peito, na altura de seu coração.
Cada dia mais o silêncio se instalava. A máquina datilográfica não mais ritmava, mais eram sucessivas batidas irritantes em sua cabeça que enfatizavam a hora do Adeus.
No dia que o unguento chegou ao fim, e que seu coração ainda doía, ela preparou o jantar, forçou-o a sentar na mesa, coisa que ele sempre se recusou, e começou a falar. De repente, um "eu não te amo mais", escapou pelos seus lábios, e não mais que de repente, uma lágrima escorreu pelos olhos dele. Ele levantou-se, abriu uma caixa de madeira, e tirou vários contos. Os contos falavam de dor, mas de como aquela boticária, como toda sua graciosidade, o cuidava. Mas ela estava decidida a partir. Não o amava mais. Seu peito doía, e sua impressão era querer arrancar seu mais nobre vital, seu coração. Ele a tomou nos braços. Guardou a velha máquina de datilografar no fundo de uma gaveta. No fundo da caixa de madeira onde guardava os contos, tirou uma chave, pegou-a pela mão, e levou num quarto que sempre ficara trancado. Era uma oficina de carpintaria. Ele olhou-a nos olhos, e disse que ela era sua escolhida. E a partir de agora, ele não mais seria um homem de histórias e contos, mais um homem de madeira de lei, que honraria sua presença, e mereceria tê-la como esposa.
Livrando-me de ti.
Eu queria vomitar meu coração
Lambuzar-me, e ensanguentada
Abdicar desse medonho condão
De viver a ti, maldito, entrelaçada!
Eu queria enfim, de ti, me livrar
E ter, enfim, minha vida, de volta
E toda deixar desgraça passar(...)
Livrando meu coração da revolta!
E por fim, não mais teria vísceras
Agonizando findas por todo lado
Nesse limbo maldito de te amar!
Teria uma vida, mesmo que ínfima
E um coração, um tanto bagunçado
Mas podendo, livre, enfim, respirar!
Lambuzar-me, e ensanguentada
Abdicar desse medonho condão
De viver a ti, maldito, entrelaçada!
Eu queria enfim, de ti, me livrar
E ter, enfim, minha vida, de volta
E toda deixar desgraça passar(...)
Livrando meu coração da revolta!
E por fim, não mais teria vísceras
Agonizando findas por todo lado
Nesse limbo maldito de te amar!
Teria uma vida, mesmo que ínfima
E um coração, um tanto bagunçado
Mas podendo, livre, enfim, respirar!
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Anoréxica.
Eu tenho vontade de café
De broa quente, de sonho!
Queria também um cafuné
Findando o jejum medonho.
Queria sair dessa inanição
É o asco de todo santo dia!
Queria reverter essa ação
Voltando à homeostasia(...)
Tenho vontade de degluir
Apenas alimentos, e só
Meu corpo, enfim suprir.
E dessa anorexia me livrar
Desatar esse embolo de nós
Que todo dia tenta me matar!
De broa quente, de sonho!
Queria também um cafuné
Findando o jejum medonho.
Queria sair dessa inanição
É o asco de todo santo dia!
Queria reverter essa ação
Voltando à homeostasia(...)
Tenho vontade de degluir
Apenas alimentos, e só
Meu corpo, enfim suprir.
E dessa anorexia me livrar
Desatar esse embolo de nós
Que todo dia tenta me matar!
sábado, 20 de agosto de 2011
É claro...
É claro que me ponho a chorar
Frente toda essa sua ingratidão!
E ponho toda-me a decantar
Nessa doída rota abominação(...)
É claro que deixei anoitecer
Para que eu pudesse partir(...)
Vendo-lhe, eu ia convalescer
dessa doença de me reprimir!
Maldita, e ponho-me a chorar
Novamente nesse todo claro
Que não se cansa de repetir!
É essa mania idiota de amar!
E por fim, eu só me deparo
Com uma alma a desnutrir!
Frente toda essa sua ingratidão!
E ponho toda-me a decantar
Nessa doída rota abominação(...)
É claro que deixei anoitecer
Para que eu pudesse partir(...)
Vendo-lhe, eu ia convalescer
dessa doença de me reprimir!
Maldita, e ponho-me a chorar
Novamente nesse todo claro
Que não se cansa de repetir!
É essa mania idiota de amar!
E por fim, eu só me deparo
Com uma alma a desnutrir!
sábado, 13 de agosto de 2011
Fé de gente pequena
Tentou exilar-me de minh'alma
Sem que eu pudesse perceber(...)
Mas tolo, não sabia da calma
Da minha fé, para não padecer!
Em uma guerra, mais que dolorida
Eu vi sangue negro por todo lado!
Mas por velhos anjos, fui acolhida
E todo seu mal foi carbonizado(...)
E naquele colo, orando a novena,
bem como fosse uma criança(...)
Eu chorava tanto, a soluçar!
Mas mostrou que forte e pequena
Me devolveu a paz, deu esperança
De, em minha vida, enfim recuperar!
Sem que eu pudesse perceber(...)
Mas tolo, não sabia da calma
Da minha fé, para não padecer!
Em uma guerra, mais que dolorida
Eu vi sangue negro por todo lado!
Mas por velhos anjos, fui acolhida
E todo seu mal foi carbonizado(...)
E naquele colo, orando a novena,
bem como fosse uma criança(...)
Eu chorava tanto, a soluçar!
Mas mostrou que forte e pequena
Me devolveu a paz, deu esperança
De, em minha vida, enfim recuperar!
domingo, 7 de agosto de 2011
Ode à estúpida!
De todas, minha maior culpa
É amar-te com os intestinos
Fazer de tudo uma desculpa
Abstendo-me dos instintos!
Meus olhos, então, te entreguei
Foi quando comecei a morrer(...)
Minh'alma começou a encolher.
Eu mesma, por fim, me vendei!
Estúpida, eu, menina, acreditei
Que poderia sinceramente amar
Mas me provaste é impossível!
Mas, ao fim, me decepcionei!
Como víceras verdadeiras utilizar
Para humanizar o não fatível?
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Silêncio no leito.
Quando o vazio se instala
Nesse leito, ainda nosso
O fúnebre silêncio, mata!
Questiono: falar, eu posso?
Maldade tirar-me os verbos
O meu condão, a minha lira(...)
E sugar o meu único certo
transformando tudo em ira!
Injustiça, pois, arrancar-me
Toda essa minha inspiração
e amordaçar-me, para calar.
Não é corajoso de escutar-me!
É porque não tem coração(...)
Ou mesmo o condão de amar.
Nesse leito, ainda nosso
O fúnebre silêncio, mata!
Questiono: falar, eu posso?
Maldade tirar-me os verbos
O meu condão, a minha lira(...)
E sugar o meu único certo
transformando tudo em ira!
Injustiça, pois, arrancar-me
Toda essa minha inspiração
e amordaçar-me, para calar.
Não é corajoso de escutar-me!
É porque não tem coração(...)
Ou mesmo o condão de amar.
Um jardim ou um amor?
Eu queria belo jardim,
Daquele cheio de flores!
Pois não tenho amores(...)
Nessa antivida sem fim!
E pelo menos poder sentir
Suas cores, seiva e odores.
Sem mais espinhos pra ferir
Nessa terra seca de rancores.
Queria, só, sentar ao relento!
Sentir a solidão, em plenitude
E de puro orvalho, me saciar(...)
Não ser mais o ser sedento
Que acha tudo uma virtude,
E que a vida se resume a amar!
Daquele cheio de flores!
Pois não tenho amores(...)
Nessa antivida sem fim!
E pelo menos poder sentir
Suas cores, seiva e odores.
Sem mais espinhos pra ferir
Nessa terra seca de rancores.
Queria, só, sentar ao relento!
Sentir a solidão, em plenitude
E de puro orvalho, me saciar(...)
Não ser mais o ser sedento
Que acha tudo uma virtude,
E que a vida se resume a amar!
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Minha libertação!
Hoje, meus versos são ocos
De minha lira, eu me liberto!
E não nascem mais brotos
Do que agora, é deserto(...)
Não preciso mais de ti
Livrei-me da necessidade
Com coragem, eu parti
Achei enfim a frugalidade!
Perdi todo meu condão
E aquela graciosidade
Que eu fingia vivenciar,
mas recuperei meu coração(...)
Que hoje bate na causalidade
E está enfim liberto de te amar!
De minha lira, eu me liberto!
E não nascem mais brotos
Do que agora, é deserto(...)
Não preciso mais de ti
Livrei-me da necessidade
Com coragem, eu parti
Achei enfim a frugalidade!
Perdi todo meu condão
E aquela graciosidade
Que eu fingia vivenciar,
mas recuperei meu coração(...)
Que hoje bate na causalidade
E está enfim liberto de te amar!
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