Versos de revolta (II) a Para viver um grande amor, de Vinicius de Moraes.
Para matar um grande amor, estou certa
Convém perder a hora do elogio
E fazer muito rodopio
Para evitar o grande amor(...)
Deve-se esquecer a hora do sono
Para não abraçar o grande amor!
E esquecer-se no jogo de cartas,
Ou em qualquer outro jogo
Que deixe dormir o acolhedor(...)
Para matar um grande amor, vos digo
É conveniente usar um comprimido
E uma talagada de qualquer aditivo
Que vá despistar o grande amor
E usar-se do mal hábito
De culpar o alcoolato
Pelo excesso de calor(...)
Para matar um grande amor é infalível
Esquecer das vitais necessidades
Esquecer dos olhares e gentilezas
Das grandezas e das miudezas
E do café-da-manhã altamente removível
Do cotidiano do grande amor(...)
E esquecer das grandes datas
Do cantarolar e das serenatas
Que deveriam ser feitas pro grande amor!
Para matar seu grande amor
Convém ser esquecer-se do para sempre
E sempre escolher outros amores
Outros colos, outras casas, outros clamores
tão rotineiros na vida de um grande amor.
Convém esquecer-se do dia que se apaixonaram,
Para evitar relembrar coisas do grande amor!
E deixar no fundo da mente
Toda beleza do que foi reluzente
Mas que hoje é tão indiferente
Não causa arrepio, não é alimentador(...)
Para matar um grande amor, vos indico
Esqueça-se de tudo como doença
Encha-se de todo seu egoísmo
E mate o que não te traz recompensa
E viva, intensamente amor-próprio
Pois você finalmente ganhou o consórcio
E conseguir matar esse grande-quase-amor!
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Amor-café ralo.
Vivo um amor tão mal feito
Como café de ontem, ralo
Um amor de engolir estreito
Amor grosso, num gargalo!
Amor que não passa na goela
Devido à uma tal lateralidade.
Um amor que falta sensibilidade,
Morador dessa estreita viela!
Eu vivo um amor de cansaço
que muito fala, mas nada muda.
Que todo amanhecer faz chorar(...)
Esse amor de falta de abraço,
Esse amor que em nada ajuda.
E faz-me viver totalmente curva!
Como café de ontem, ralo
Um amor de engolir estreito
Amor grosso, num gargalo!
Amor que não passa na goela
Devido à uma tal lateralidade.
Um amor que falta sensibilidade,
Morador dessa estreita viela!
Eu vivo um amor de cansaço
que muito fala, mas nada muda.
Que todo amanhecer faz chorar(...)
Esse amor de falta de abraço,
Esse amor que em nada ajuda.
E faz-me viver totalmente curva!
Bisturi e comprimdo
Vou arrumar um bisturi
de arrancar esses risos
Para arrumar esse ciso
De tudo que eu construi!
Vou arrumar uma sonda
E vou fincar no coração
E me livrar desse condão
Dessa vigília, dessa ronda!
Vou arrumar os cirúrgicos
Para livrar do verbo túrgido
Esse organismo oprimido.
Eu vou, esse karma destruir,
Eu vou todo amor suprimir,
Com ajuda de um comprimido!
de arrancar esses risos
Para arrumar esse ciso
De tudo que eu construi!
Vou arrumar uma sonda
E vou fincar no coração
E me livrar desse condão
Dessa vigília, dessa ronda!
Vou arrumar os cirúrgicos
Para livrar do verbo túrgido
Esse organismo oprimido.
Eu vou, esse karma destruir,
Eu vou todo amor suprimir,
Com ajuda de um comprimido!
domingo, 8 de janeiro de 2012
Oca pensante
Eu, que nasci da semi-esterilidade
Efetivei essa oca karma-patologia
De comigo conviver, em sanidade
Com a impossibilidade da procria!
Então, jovem, em jejum do verbo
Devido a ausência do ralo rubro
Já podia diagnosticar o meu certo
Já podia visualizar o meu delubro
Meu parto é pelo cérebro e pernas!
Na ausência dos órgãos do ventre
É o pensativo que sofre! Evidente!
Minha família é um grupo das internas
Idéias, nascidas da oca, que todo dia
Pode, com maestria, encarnar a cria.
Efetivei essa oca karma-patologia
De comigo conviver, em sanidade
Com a impossibilidade da procria!
Então, jovem, em jejum do verbo
Devido a ausência do ralo rubro
Já podia diagnosticar o meu certo
Já podia visualizar o meu delubro
Meu parto é pelo cérebro e pernas!
Na ausência dos órgãos do ventre
É o pensativo que sofre! Evidente!
Minha família é um grupo das internas
Idéias, nascidas da oca, que todo dia
Pode, com maestria, encarnar a cria.
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